“Pelo fim de agosto Pollyana fez uma visita matutina a John Pendleton e viu a refletir-se em seu travesseiro uma faixa de luz com todas as cores do espectro solar.
– Olha, Mr. Pendleton, um filhinho de arco-íris que lhe  veio fazer uma visita! – exclamou ela batendo palmas. Que lindo que é! Mas como entrou aqui?

O homem sorriu. Estava a observar o rostinho da menina. Súbito, um pensamento lhe veio. Tocou a campanhia.
– Nora, disse à criada, traga-me um dos candelabros da sala-de-estar.
A mulher retirou-se um tanto espantada com a esquisitice e voltou daí a momentos com o candelabro, tilintando de pingentes de cristal.
– Obrigado. Ponha-o ali na mesa. Agora amarre um fio a meia altura da janela, que vá de um lado a outro. Esse fio, ali na mesa. Isso. Está bem. Pode retirar-se.

Só depois que Pollyana pendurou o quarto é que notou o que sucedia, e tão excitada ficou que as mãoe lhe tremeram e foi com dificuldade que pendurou os demais. Mas completou a obra  e recuou dando gritos de alegria.
O aposento se transformara num sonho de conto de fadas. Por todos os lados luzes que dançavam, vermelhas, azuis, verdes, roxas , alaranjadas, cor de ouro – pelas paredes, pelos móveis, pelo corpo de Mr. Pendleton.”

Pollyanna, de Eleanor H. Porter

* * * *

Foi aí que, aos 10 anos de idade, eu me apaixonei por prismas. Me apaixonei pela possibilidade de um reflexo da luz do sol se transformar num conto de fadas. Tenho um pendurado na minha varanda e que me traz filhotes de arco-íris para a sala em todos os dias ensolarados.

Foi na mesma época que conheci e me apaixonei por caleidoscópios. Pelo mesmo motivo. Simples. Caleidóscopios são objetos mágicos que trazem beleza e sonhos. Formar imagens lindas, lindas. Me fazem sorrir.

E aí, eu recebo esse email:

“Bom dia, Thaisa!

Primeiramente, gostaria de dizer que sou admiradora de seu trabalho, são de muito bom gosto e sensibilidade.

Me chamo Lediane e moro em Sorriso, interior do estado de Mato Grosso. Sou professora de inglês e estou prestes a defender meu trabalho de mestrado, por isso, estava procurando algum objeto para presentear os professores que participarão de minha banca, mas não poderia ser qualquer coisa, tinha que expressar o sentido da minha pesquisa. Foi então que pensei no caleidoscópio!

Minha pesquisa é etnográfica, tem a ver com o modo de olhar para os acontecimentos. O caleidosópio representa bem o que mudou em mim depois da pesquisa, não ter uma única visão sobre as coisas, e toda vez que olhar para algo conseguir ver significados diferentes.

Vi na internet um passo-a-passo em que você ensina a fazer o caleidoscópio, eu até tentaria se não estivesse tão atribulada com a dissertação…

Bom, tudo isso para dizer que preciso de 3 ou 4 caleidoscópios…
Lediane”

Chorei. Tão bonito! Olhar para as coisas e ver vários significados diferentes! Poético.

Fiz os caleidoscópios. Mandei pra Sorriso. Ela vai defender sua tese no começo de dezembro. A essa pessoa tão especial, só posso desejar que tudo dê certo, que ela (você, flor) tenha tudo de melhor no mundo!

Aguardo notícias suas. Muito obrigada por tudo.

E pra você que me lê agora, desejo que não perca sua capacidade de se extasiar com o belo, que não perca nunca sua felicidade de sorrir para as coisas simples. Que o lúdico não perca nunca o sentido pra você!

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